segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Exercícios sobre os livros da FUVEST e UNICAMP

1. “Quem era Frei Dinis?
Disse-o ele: — um homem que se fizera frade, já velho e cansado do mundo, que vestira o hábito num tempo em que a mofa, o escárnio e o desprezo seguiam aquela profissão; que o sabia, que o conhecia e por isso mesmo o afrontara.

Destes raros e fortes caracteres aparece sempre na agonia das grandes instituições para que nenhuma pereça sem protesto, para que de nenhum pensamento durável e consagrado pelo0 tempo se possa dizer que lhe faltou quem o honrasse na hora derradeira por uma devoção nobre, gloriosa e digna do alto espírito do homem: — que o homem é uma grande e sublime criatura por mais que digam filósofos.

Tal era frei Dinis, homem de princípios austeros, de crenças rígidas, e de uma lógica inflexível e teimosa: lógica porém que rejeitava toda a análise, e que, forte nas grandes verdades intelectuais e morais em que fixara o seu espírito, descia delas com o tremendo peso de uma síntese aspérrima e opressora que esmagava todo o argumento, destruía todo o raciocínio que se lhe punha diante.”

Essas características, explicitadas no trecho acima, não acompanharam frei Dinis por toda sua vida.

A) Qual foi o episódio do livro que o fez decidir pela vida clerical?
B) Por que ele tomou essa decisão?

2.
“(...) Há dois princípios no mundo: o espiritualista, que marcha sem atender à parte material e terrena desta vida, com os olhos fitos em suas grandes e abstratas teorias, hirto, seco, duro, inflexível, e que pode bem personalizar-se, simbolizar-se pelo famoso mito do cavaleiro da mancha, D. Quixote; — o materialista, que, sem fazer caso nem cabedal dessas teorias, em que não crê, e cujas impossíveis aplicações declara todas utopias, pode bem representar-se pela rotunda e anafada presença do nosso amigo velho, Sancho Pança.”

A) Quais as personagens do livro se aproximam dos ideais materialistas e espiritualistas apresentados no excerto, respectivamente? Justifique sua resposta.
B) A posição social que cada uma dessas personagens "alcançou" concorda com os ideais no trecho contrastados?

3.
“Ó gente cega a quem Deus quer perder! Pois não vedes que não sois nada sem nós, que sem o nosso álcool, donde vos vinha espírito, ciência, valor, ides cair infalivelmente na antiga e preguiçosa rudeza saxônia!”

“Desde pequeno que fui jacobino, já se vê: e de pequeno me custou caro. Levei bons puxões de orelhas de meu pai por comprar na feira de S. Lázaro, no Porto, em vez de gaitinhas ou de registos de santos ou das outras bugigangas que os mais rapazes compravam... não imaginam o quê... um retrato de Bonaparte.”

A) A que situação histórica o autor do livro se refere? Quais são os dois países envolvidos?
B) Tanto Almeida Garrett quanto Carlos, uma das personagens do livro, lutaram pelo lado liberal na guerra civil portuguesa, lado este que foi o vitorioso.
Essa afirmação é correta? Justifique.


4.
“Pois não sabias? Ai! É verdade, não sabias. Tantas coisas que tu não sabes, meu Carlos! Mas eu te contarei tudo, tudo. Olha: cegou quando... Mas não falemos agora nestas tristezas que já lá se vão. Em ela te sentindo ao pé de si, é o mesmo que tornar-lhe a vista. Tem-mo ela dito muitas vezes, eu bem sei que é assim. Mas ouve: um dia havemos de falar —nós dois sós — à vontade: tenho tanto que te dizer... nem tu sabes... Agora vamos, Carlos.

A)Por que motivo Carlos estava fora de casa? Por que voltou?
B)Em que situação Dona Francisca ficou cega?

5.
“Não, Carlos estava certo de si, certo do seu antigo amor, lembrado de quanto lhe devia: e nisso refletiu toda aquela noite que se fora em claro.”

A) Que situação fez com que Carlos refletisse toda aquela noite?
B) Qual foi o resultado final dessa situação?

6.
“Nos olhos azuis de Georgina arde, em sereno e modesto brilho, a luz tranqüila de um amor provado. seguro, que deu quanto havia de dar, quanto tinha que dar.

"Os olhos de Joaninha são um livro imenso, escrito em caracteres móveis, cujas combinações infinitas excedem a minha compreensão.”

A) Quais características contrapõem a descrição de Georgina e de Joaninha? Justifique a partir dos excertos fornecidos.
B) É possível dizer que com essa descrição, o narrador se sente mais atraído por uma delas? Justifique sua resposta.

7.
“Pois será; mas não me franzas nunca mais a testa assim, que te pareces todo... é que nunca te vi tal parecença...
— Com quem?
— Com Frei Dinis.
— Eu com ele!
— Tal e qual quando fazes essa cara. Olha: ai estás tu na mesma. Vamos! ria-se e esteja contente se se quer parecer comigo, que todos dizem que nos parecemos tanto.”

Que fato da família Joaninha desconhece, que pode ser visto implícito no trecho acima?

8.
“Pouco a pouco amotinou-se-me o sangue, senti baterem-me as artérias da fronte... as letras fugiam-me do livro, levantei os olhos, dei com eles na pobre nau Vasco da Gama que aí esta em monumento-caricatura da nossa glória naval... E eu não vi nada disso, vi o Tejo, vi a bandeira portuguesa flutuando com a brisa da manhã, a torre de Belém ao longe... e sonhei, sonhei que era português, que Portugal era outra vez Portugal.”

A) Por que motivo o narrador diz ter sonhado "que era português, que Portugal era outra vez Portugal"?
B) Comente a situação política e e econômica de Portugal na primeira metade do século XIX.

9.
“Depois de muito procurar entre pardieiros e entulhos, achamo-la enfim a igreja de Santa Maria de Alcáçova. Achamos, não é exato: ao menos eu, por mim, nunca a achava, nem queria acreditar que fosse ela quando ma mostraram. A real colegiada de Afonso Henriques, a quase-catedral da primeira vila do reino, um dos principais, dos mais antigos, dos mais históricos templos de Portugal, isto?... esse igrejório insignificante de capuchos! mesquinha e ridícula massa de alvenaria, sem nenhuma arquitetura, sem nenhum gosto! risco, execução e trabalho de um mestre pedreiro de aldeia e do seu aprendiz! É impossível.”

A) Em que cidade está o narrador quando se passa essa cena?
B) Por que Almeida Garrett se revolta contra a igreja dessa cidade?

10.
“Tal é, em fidelíssimo resumo, a história da Santa Iria dos livros.
A das cantigas é, como já disse, muito outra e muito mais simples; conta-se em duas palavras. A santa está em casa de seus pais: um cavaleiro desconhecido, a quem dão pousada uma noite, levanta-se por horas mortas, rouba a descuidada e inocente donzela, foge a todo o correr de seu cavalo, e chegando a um descampado dali muito longe, pretende fazer-lhe violência... A santa resiste, ele mata-a. Dali a anos passa por ai o indigno cavaleiro, vê uma linda ermida levantada no próprio sítio onde cometeu o crime, pergunta de que santa é, dizem-lhe que é de Santa Iria. Ele cai de joelhos a pedir perdão à santa, que lhe lança em rosto o seu pecado e o amaldiçoa.
E acabou a história.”

Qual o papel de narrações como essa para uma nação como Portugal?

11.
“— Sentir muito?
— Não; ter sentido muito: que o coração, como órgão moral, não se dilata a esse ponto senão pelo demasiado excesso e violência de sensações que o gastaram e relaxaram. Se esse é o defeito, a moléstia de Carlos, digo que já sei o fim da sua história sem a ouvir.
— Então qual foi?
— Que um belo dia caiu no indiferentismo absoluto, que se fez o que chamam céptico, que lhe morreu o coração para todo o afeto generoso, e que deu em homem político ou em agiota.
— Pode ser.
Mas qual das duas foi, deputado ou barão? Queremos saber...
— Saberão.”

Nesse contexto, há uma discussão sobre o destino de uma das personagens do livro
A) Quem é essa personagem? Justifique
B) Qual a resposta a ultima pergunta do trecho?

12.
“Fomos seguindo até casa do barão de A., outro ilegítimo, porque não pertence aos barões assinalados.
Que sem passar além da Taprobana
No velho Portugal edificaram
Novo reino que tanto sublimaram.”

Qual poeta Almeida Garrett referencia nesse trecho?

13.
“Admirável condição da natureza humana, que tudo nos parece melhor e menos feio quando visto de longe!”

Viagens na minha terra; Garrett, Almeida

“Mas a Basílica em cima não nos interessou, abafada em tapumes e andaimes, toda branca e seca, de pedra muito nova, ainda sem alma. E Jacinto, pôr impulso bem Jacíntico, caminhou gulosamente para a borda do terraço, a contemplar Paris. Sob o céu cinzento, na planície cinzenta, a Cidade jazia, toda cinzenta, como uma vasta e grossa camada de caliça e telha. E na sua imobilidade e na sua mudez, algum rolo de fumo, mais tênue e ralo que o fumear dum escombro mal apagado, era todo o vestígio visível da sua vida magnífica.”

A cidade e as serras; Queirós, Eça de

A) A conclusão de Almeida Garrett que tudo é menos feio e melhor quando contemplado de longe condiz com a visão apresentada no excerto apresentado de "A cidade e as serras"?
B) Qual a importancia desse momento de "As cidades e as serras" para o desenrolar do romance?



14.
“No fim de alguns anos, três ou quatro, estava enfarado do ofício, e deixei-o, não sem um donativo importante, que me deu direito ao retrato na sacristia. Não acabarei, porém, o capítulo sem dizer que vi morrer no hospital da Ordem, adivinhem quem?... a linda Marcela; e vi-a morrer no mesmo dia em que, visitando um cortiço, para distribuir esmolas, achei... Agora é que não são capazes de adivinhar... achei a flor da moita, Eugênia, (...), tão coxa como a deixara, e ainda mais triste.”

A) Por que episódio, ocorrido anteriormente no livro, Eugênia é chamada de "a flor da moita"?
B)Por que o escritor utiliza das reticências em seu texto? Qual o efeito de sentido provocado?

15. “Essas minhas interessantes viagens hão de ser uma obra prima, erudita. brilhante, de pensamentos novos, uma coisa digna do século. Preciso de do dizer ao leitor, para que ele esteja prevenido; não cuide que são quaisquer dessas rabiscaduras da moda que, com o título de Impressões de Viagem, ou outro que tal, fatigam as imprensas da Europa sem nenhum proveito da ciência e do adiantamento da espécie.
Primeiro que tudo, a minha obra é um símbolo... é um mito, palavra grega, e de moda germânica, que se mete hoje em tudo e com que se explica tudo... quanto se não sabe explicar.
É um mito porque — porque... Já agora rasgo o véu, e declaro abertamente ao benévolo leitor a profunda idéia que está oculta debaixo desta ligeira aparência de uma viagenzinha que parece feita a brincar, e no fim de contas é uma coisa séria, grave, pensada como um livro novo da feira de Leipzig, não das tais brochurinhas dos boulevards de Paris.”

A) Com quais ideais literários e políticos queria Almeida Garret contrastar com os "pensamentos novos"?
B) Qual é a "profunda ideia oculta ... na aparência de uma viagenzinha", citada pelo autor nesse trecho?

16. “Ora nesta minha viagem Tejo arriba está simbolizada a marcha do nosso progresso social: espero que o leitor entendesse agora. Tomarei cuidado de lho lembrar de vez em quando, porque receio muito que se esqueça.”

Em que sentido a viagem de Almeida Garret simbolizou a marcha ao progresso social?







Respostas
1.
A) quando Frei Dinis matou o marido dS mae de Carlos e outro homem
B) peso na consciência

2.
A) Carlos e Fre Dinis
B) sim, já que Carlos seguiu a vida de barão, amando a muitas mulheres e confiando na vida e frei Dinis se devotou a causa cristã, mesmo não havendo sido assim anes do episódio da morte do genro de Francisca

4.a) Carlos foi estudar em Lisboa e, voltando em uma visita, brigou com Fre Dinis e foi à Inglaterra. Quando a guerra estourou (guerra civil portuguesa), Carlos retornou a Santarém para defender os liberais
B) ficou cega de tanto chorar

6. A) no excerto, Gergina é mostrada como a mulher que o amor é certeiro, mas mais comedido , enquanto que o amor de Joaninha é infinito, sempre se renova, mas menos certeiro
B) parece haver uma maior sentimentalidade ao descrever Joaninha

7. Carlos é filho de Frei Dinis

9. A) Santarém
B) pelo pequeno tamanho e pelo pouco caso com esse patrimônio histórico

11. A) Carlos
B) se tornou primeiramente Barão, com possibilidade de vir a ser deputado

12. Camões

13. A) não, já que a cidade vista de longe, em as cidades e as serras, parece mais feia, cinzenta e triste do que de perto, o que não concorda cm a afirmava de Almeida Garrett

B) aqui começa a mudança do eixo urbano na vida de Jacinto para o eixo rural