quarta-feira, 11 de abril de 2012

Industria cultural

    Com o advento da tecnologia moderna da indústria cultural, a manipulação de massas expandiu seus horizontes e assumiu uma postura mais eficaz. A globalização deveria juntar homens de todo o planeta, em um só paradigma humanitário e embasado em valores morais. Mas com a atual tendência capitalista e monetária nós temos em nosso objetivo comum o simples prazer ao bem material.

    A indústria cultural é atualmente o principal veículo de manipulação de massa, e os jovens não estão protegidos desta realidade, pois eles também estão imersos nessa sociedade capitalista e são cotidianamente influenciados por fenômenos midiáticos. Mas até que ponto a indústria cultural pode ser uma causa ao consumismo?

    Em todo momento pensamos em comprar algo novo, temos esse objetivo em mente e às vezes nem sabemos a real necessidade que aquele produto que tanto desejamos, tem de verdade. O desejo de possuir se torna grande, somos seduzidos a todo o instante por corporações altamente eficazes em subliminar nossos desejos em produtos específicos através de propagandas na mídia.

    A imagem também objeto de consumo dessa indústria, acaba vendida pela mídia, em uma corpolatria desenfreada. O corpo perfeito é considerado um bem material e é vendido e tratado como mercadoria. Antes, era uma busca com um objetivo saudável e hoje é um status social. Agora que é seduzido pela mídia, o corpo é negligenciado e violentado, transformando-se de forma não natural e superficial.

    Este estudo, de natureza qualitativa, teve por objetivo analisar os principais fatores que norteiam o cenário da indústria cultural que embasa o consumismo entre 21 jovens e o papel desencadeado pela escola quanto a isso. A pesquisada foi desenvolvida no Colégio de Aplicação Paulo Gissoni, na cidade de Rio de Janeiro.

O consumo e a indústria cultural

    A partir do capitalismo tem-se desenvolvido na sociedade uma dependência de necessidades materiais sem fim que levam a chamada sociedade de consumo. O desejo pelo material acaba por ser descontrolado e vai além de consumir o necessário.

    Em nossa sociedade, é preciso ter dinheiro para suprir as necessidades humanas e os caprichos culturais. Eu só posso amar e ser amado se tiver dinheiro. Todas as atividades humanas estão subordinadas ao tempo, que por sua vez depende do dinheiro. Cada segundo vale dinheiro. Nem mesmo água é gratuita. (BIRO, s/d, p. 01).

    Esse fenômeno de descontrole se tornou uma condição humana comum a nossa sociedade. Somos capitalistas em uma sociedade que cultua os valores materiais e por isso chega a menosprezar os demais valores. Em algumas situações prezam-se mais os bens materiais ao bem humano.

    Segundo Mancebo (2002), a diferença entre o consumismo dos séculos anteriores e desta geração é que, antes se consumia para viver, hoje, vive-se para consumir. O ser operário-consumidor não conhece outro estímulo a não ser o estigma do culto ao bem material, seguindo assim uma servidão que é explorada nos mais diversos níveis pela indústria cultural.

    Enquanto os pais são manipulados por essa indústria, os filhos, os jovens, também se vêem na mesma situação. A crise de identidade dos jovens é um alvo bem específico para a indústria cultural que se beneficia da falta de conhecimento da dimensão da subjetividade coorporativa da parte desses jovens que alienados se tornam vítimas perfeitas de um plano maior da sociedade manipulativa.

    A valoração de bens é altamente aproveitada pela indústria cultural que visa o lucro acima de tudo. Temos que adquirir, comprar: ter e reter são os mais importantes objetivos de vida. E como ainda por cima não sabemos lidar com as frustrações oriundas do fato de não podermos ter tudo o que se desejamos, as emoções extravasam em mais consumo, em uma catarse de consumismo. Colocamos nessa necessidade material todo o nosso caminho para felicidade. Nossa realização depende de consumo, a falta de limites de nossos atos é vistos em nossa desarmonia e falta de paz. O homem perde a interiorização e deposita toda a energia voltada para essa busca da felicidade nesse consumismo exacerbado.

    A maneira como são fornecidos os produtos ao consumidor se faz de forma a criar situações onde seja aproveitada a fragilidade emocional do consumidor alvo. É sugestionável e subjetivo, e por isso, aproveitando-se da alienação do público torna-se eficiente em sua manipulação através de subterfúgios psicológicos profundamente estudados e altamente eficientes em seus métodos.

    Esta cultura de consumo engloba todas as faixas etárias, atingindo principalmente aos jovens, pois a sociedade atual é consumista e a juventude é consumidora em potencial.

    Segundo Guaratto (2010), o estudo da Kantar Worldpanel, divulgado em 2010, a empresa de pesquisas de consumo domiciliar aponta que os adolescentes aumentam os gastos familiares em até 5% acima do ganho mensal familiar.

    Os famosos desejos de consumo dos adolescentes que levam ao aumento deste percentual de gastos incluem: compras de roupas, sapatos, eletrônicos, lanches, saídas para cinema ou balada, entre outros. A sobrecarga de orçamento familiar também se deve aos pedidos cedidos pelos pais, já que o dinheiro, muitas vezes, é advindo dos mesmos ou parentes quando o adolescente ainda não tem um emprego.

    A sociedade impõe e a indústria explora o fato de os adolescentes necessitarem de criar uma personalidade que se encaixe no grupo social em que vivem, e que a fim de se adequar são pressionados para o consumo se deixando levar por tal.

    Para Adorno (2009) a relação entre indústria cultural e consumismo está na alienação e na falta de consciência, e única forma de se manter livre dessa influência é através do conhecimento.

    A atrofia da imaginação e da espontaneidade do consumidor cultural de hoje não tem necessidade de ser explicada em termos psicológicos. Os próprios produtos, desde o mais típico, o filme sonoro, paralisam aquelas capacidades pela sua própria constituição objetiva. (ADORNO, 2009, p. 16).

    Com a exposição excessiva à mídia nossos jovens ficam à margem do pensamento livre, de sua autonomia e criatividade, tornando-se condicionado ao pensamento induzido, que usurpa o seu livre arbítrio e o aliena e o castra. O se apesar de ainda sociável, é agora fruto de uma massificação social.

    "A indústria cultural finalmente absolutiza a imitação. Reduzida a puro estilo, trai o seu segredo: a obediência à hierarquia social" (ADORNO, 2009, p. 22).

    Com uma cultura vigente altamente capitalista e manipuladora, os jovens ficam fortemente suscetíveis à indução, e embora ainda em estado de socialização e sem a sua maior idade legal, já assumem uma posição de escolha, apesar de muitas vezes incapazes de ter consciência sobre essa manipulação cultural e ainda faltando-lhes em alguns casos uma forte base moral familiar. Nessa idade eles ainda são fortemente sugestionáveis e frágeis, pois sua identidade ainda em construção, não está totalmente fortalecida e é passível de controle.

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