Aristóteles utiliza termos mimesis e katarse com sentidos inteiramente diversos de Platão. Em Platão, as artes condenáveis são aquelas reguladas pela mimesis, e a mimesis é entendida como imitação. Uma poesia, para Platão, é mimesis. O poeta representa o mundo sensível, que por sua vez é cópia da Idéia imutável, que constitui a realidade. Ou seja, a copia do mundo das ideias, que já é imperfeita, teria seu grau de imperfeição aumentado ao ser "copiada" novamente no engenho da arte.
-É pois a tragédia imitação de um caráter elevado, completa e de certa extensão, em linguagem ornamentada e com as várias espécies de ornamento distribuídas pelas diversas partes do drama, imitação que se efetua não por narrativa, mas mediante atores, e que suscitando o terror e a piedade, tem por efeito a purificação destas emoções".
- A poesia é, então, imitação. Mas a imitação pode imitar homens melhores ou piores. A imitação de homens melhores resulta na tragédia, e a imitação de homens piores resulta na comédia. O ato de imitar, para Aristóteles, é congênito ao homem, juntamente com a harmonia e o ritmo. Este caráter inato e muitas vezes até mesmo inconsciente da atividade imitativa é mais uma mostra da nobreza que ela adquire na teoria aristotélica.
- O imitar aristotélico das ações é uma criação, pois resgata o mundo nos mesmos moldes pelos quais ele se produz, e isto se dá pelo intermédio do próprio mundo.
A mimesis é, para Aristóteles, portanto ativa e criativa.
- A catarse é um efeito suscitado pela tragédia no público. Os atores, que imitam ações, na catástrofe final com que terminam as peças trágicas, suscitam no público terror e piedade, visando a catarse destas emoções.
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